Blumenau, Santa Catarina, estabeleceu-se como berço da Eisenbahn em 2002. Fundada por uma família movida pela paixão por cervejas especiais, não tardou para que emergisse o primeiro rótulo. A fábrica surgiu ao lado de uma antiga estação ferroviária, inspiração direta para o nome e símbolo da marca. A escolha de “Eisenbahn” recuperou o nome de uma cervejaria local de 1905, um aceno honroso aos pioneiros cervejeiros daquela terra.
Desde o início, a Eisenbahn apostou na Reinheitsgebot, a lei alemã da pureza (1516), que exige uso restrito de água, malte, lúpulo e fermento. O compromisso com qualidade foi imediato.
Crescimento e primeiros rótulos
Quatro anos após sua fundação, a Eisenbahn já lançara cerca de dez rótulos variados — visível expressão da criatividade e da ambição cervejeira.
Entre os primeiros destaques figuraram o Pilsen, Dunkel, Weizenbock, Kölsch e mesmo uma Strong Golden Ale. Com o tempo, estilos sazonais e inovadores ganharam espaço no portfólio, como o Weihnachts Ale (especial de Natal), a Pilsen orgânica e o Bierlikör — primeiro licor de cerveja do país —, além da Lust, produzida pelo método champenoise.
Reconhecimento além-mar
Premiações internacionais logo coroaram os esforços da marca. Em 2007, no European Beer Star, Dunkel e Weizenbock receberam medalhas de bronze entre centenas de concorrentes.
No ano seguinte, a Dunkel voltou a se destacar, dessa vez com ouro no mesmo concurso, além de pratas e bronzes em festivais como Australian International Beer Awards e World Beer Cup. Kölsch e o rótulo “5” foram reconhecidos pela revista inglesa Beers of the World como melhores nos respectivos estilos.
O prestígio internacional consolidou-se e hoje Eisenbahn soma mais de 250 prêmios nacionais e estrangeiros.
Vendas, fusões e alcance
Com o sucesso crescente, a produção saltou de modesta (15 mil litros mensais) para robusta (350 mil litros). O salto despertou o interesse de grandes empresas. Em 2008, o grupo Schincariol adquiriu a cervejaria por aproximadamente R$ 80 milhões, renovou distribuição e ampliou exportações.
Anos depois, a Schincariol (que havia se tornado Brasil Kirin) foi incorporada à Heineken Brasil. Assim, a Eisenbahn se tornou parte de um dos maiores grupos cervejeiros do mundo.
Essa transição gerou receios. Muitos creram que a qualidade cairia ou que inovações seriam abandonadas. A observação de consumidores mais atentos indica o contrário: a marca manteve seus padrões e continua oferecendo excelente custo-benefício, como nas célebres 5 Anos (Vienna Lager) e Dunkel.
Convites à experiência direta
Em Blumenau, o Bar da Fábrica convida visitantes a passeio que vale a pena. Por valor simbólico, é possível conhecer a produção de cerveja e degustar um Pilsen direto do tanque.
A marca reforça os laços com a cultura local com eventos como mini Oktoberfest, que reune comunidade e cervejeiros num clima festivo e germânico autêntico — inclusive com música, dança, chope em metro e provas às cegas.
E o nome?
Vale destacar ainda que “Eisenbahn” é mais do que tradução de “ferrovia”. Remete a locomotiva “Macuca”, símbolo local, pensado como possível nome da cervejaria. Decidiu-se por Eisenbahn, mais universal e carregado de história local.
Eisenbahn transformou ambição familiar em tradição cervejeira nacional com alma germânica, rigor técnico e capacidade inovadora impressionante. Criou rótulos marcantes, recebeu reconhecimento global, permaneceu fiel ao estilo artesanal mesmo após grandes aquisições. O sabor e a história caminham lado a lado, como trens históricos nos trilhos da paixão por cerveja.
No fim, essa é uma história digna de apreciação pausada, num copo ideal, depois do expediente. Saúde — e boas leituras!
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