sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Cervejas Premium: Heineken Reajusta, Ambev Responde e Disputa Aquece

Heineken e Ambev reajustam preços de cervejas premium no Brasil, aquecendo a disputa por market share e impulsionando a inflação.

O cenário cervejeiro nacional agitou-se entre julho e agosto de 2025, quando Heineken e Ambev, duas gigantes do setor, protagonizaram uma intensa disputa de preços, especialmente no concorrido segmento premium. Um relatório do Bank of America (BofA) destacou essa movimentação e revelou reajustes significativos que prometem remodelar a competitividade entre as marcas e impactar o consumidor.

A Heineken quebrou um período de um ano sem aumentos expressivos ao aplicar um reajuste médio de 6,1% em suas marcas no Brasil a partir de julho. Esse movimento estratégico, notado tanto em bares e restaurantes quanto no varejo, reposicionou o cenário de preços. Em resposta, a Ambev, que havia reduzido seus valores em junho, elevou seus preços em uma média de 3,3% entre julho e agosto, com retorno a patamares 2% acima dos registrados em maio. Marcas como Devassa, da Heineken, registraram um salto notável de 24%, enquanto Amstel subiu 7,5%. No portfólio da Ambev, a Corona teve aumento na faixa de "dígito alto" e a Stella Artois, em "dígito baixo".

A decisão da Heineken de aplicar aumentos mais cedo e com maior intensidade foi crucial. Anteriormente, a Ambev havia reajustado preços em abril e maio sem ser acompanhada pela Heineken, que chegou a reduzir seus valores em 2% no segundo trimestre, o que gerou pressão na participação de mercado da rival. Com os movimentos de julho e agosto, o preço relativo das marcas premium se inverteu. No primeiro trimestre de 2024, a Heineken era mais barata que a Corona e mais cara que a Stella Artois; no final de agosto de 2025, a Heineken estava 28% abaixo da Corona e 2% menor em relação à Stella, o que tende a favorecer seu ganho de participação de mercado.

Essas movimentações repercutiram diretamente na economia. A inflação da cerveja acelerou e atingiu 0,45% no comércio em julho, acima da inflação geral do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mesmo mês, que foi de 0,26%. A pressão veio principalmente dos canais de venda "fora de casa", como bares e restaurantes.

O segmento premium permanece no coração da disputa. É nele que o valor cresce e as margens são mais atraentes, impulsionando a "premiumização" como principal motor de crescimento da categoria no Brasil. As cervejarias têm ampliado sua capacidade e focado nesse segmento e no de cervejas sem álcool para sustentar o crescimento. A projeção de mercado brasileiro é de aproximadamente 14,9 bilhões de litros em 2025. Repassar preços no segmento premium tende a ter um efeito menor sobre a demanda e um efeito multiplicador maior na margem.

O Bank of America mantém uma visão neutra sobre as ações da Ambev. Ele antecipa um segundo semestre com consumo moderado, custos em alta e concorrência acirrada. A Ambev, em seu balanço do segundo trimestre, reconheceu uma queda de volume no Brasil, atribuída ao clima mais frio, mas afirmou manter a liderança nos segmentos core e premium, com crescimento de cerca de 15% nas cervejas premium, impulsionado por marcas como Corona, Stella Artois e Original.

A disputa no mercado de cervejas premium está mais aquecida do que nunca. A Heineken, com sua estratégia de reajustes e reposicionamento de preços, busca consolidar sua posição e expandir sua fatia de mercado. A Ambev, por sua vez, enfrenta o desafio de equilibrar volumes e margens em um ambiente competitivo. O foco na premiumização continuará a guiar as estratégias das grandes cervejarias, e promete novas e emocionantes reviravoltas para os consumidores.

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